Tema / Bibliográfico

Estrutura Mês do Folclore

 

Apresentação do tema

 

As referências culturais relacionam-se em alguma medida, com ações de transmissão de saberes, seja através da observação, seja através da oralidade. Esse tipo de referência, tanto num âmbito individual quanto num âmbito mais coletivo, estão intimamente relacionadas às inter-relações geracionais. Ou seja, são tradições e signos que conectam indivíduos com as pessoas mais velhas da família e/ou com seus antepassados distantes. 

Geralmente, essas transmissões referem-se a algo que se queira, por vezes de forma intencional, por vezes de forma não intencional, perpetuar e ressignificar no tempo.

 

Referências culturais são edificações e são paisagens naturais. São também as artes, os ofícios, as formas de expressão e os modos de fazer. São as festas e os lugares a que a memória e a vida social atribuem sentido diferenciado: são as consideradas mais belas, são as mais lembradas, as mais queridas. São fatos, atividades e objetos que mobilizam a gente mais próxima e que reaproximam os que estão longe, para que se reviva o sentimento de participar e de pertencer a um grupo, de possuir um lugar. Em suma, referências são objetos, práticas e lugares apropriados pela cultura na construção de sentidos de identidade, são o que popularmente se chama de raiz de uma cultura. ( IPHAN 2016 apud IPHAN, SA ).

 

Ao pensarmos nos temas trabalhados e refletidos dentro do Museu do Folclore, tem-se um intenso atrelamento com o estudo do patrimônio imaterial, da memória social e das referências culturais.

 

Diante dessas primeiras reflexões traçamos uma proposta para a programação do Mês do Folclore, onde a interação entre museu e escolas seja pautada pela investigação das referências culturais que permeiam a vida da comunidade escolar.

Para isso temos como material de base o livro eletrônico desenvolvido pela equipe do museu intitulado “Além da mula sem cabeça”. Nele tentamos construir pontes de diálogo onde seja possível reconhecer o folclore no cotidiano de nossas vidas e assim buscar formas de trazê-lo para o dia a dia da escola com pano de fundo em várias situações de aprendizagem. Contextualizar a partir de vivências significativas. 

 

 

Como podemos fazer isso?

Uma das propostas é a de elaboração de inventários participativos.

 

 

O que é isso?

Os inventários participativos constituem- se em ferramentas utilizadas para pesquisar, identificar, descrever, definir o que uma determinada comunidade pode compreender como sendo um patrimônio cultural e que acredita ser importante preservar, que de acordo com o IPHAN (2013), O inventário é uma atividade de educação patrimonial, portanto, seu objetivo é construir conhecimentos a partir de um amplo diálogo entre a escola e as comunidades que detêm as referências culturais a serem inventariadas. 

 

Objetivo Geral

Estimular os alunos a exercitarem procedimentos de pesquisa, apropriando-se de técnicas básicas como a coleta, interpretação e divulgação de conhecimentos utilizando-se de procedimentos  diversos, como artísticos e de comunicação.

 

Objetivos específicos:

Identificar formas de fazer e saberes 

Aprender procedimentos éticos da pesquisa como a utilização de imagens e depoimentos coletados durante a pesquisa.

Uso de ferramentas tecnológicas digitais para registro e expressão artística.

Trabalho colaborativo

Produzir e compartilhar material de pesquisa 

 

Justificativa:

Conforme o IPHAN ( 2016, p.7) Inventariar é um modo de pesquisar, coletar e organizar informações sobre algo que se quer conhecer melhor. Nessa atividade, é necessário um olhar voltado aos espaços da vida, buscando identificar as referências culturais que formam o patrimônio do local. Em conversas iniciais com alunos, em que levantamos a possibilidade de se construir esse projeto em parceria com o Museu do Folclore, somando-se à  ideia de reunir professores de diferentes áreas do conhecimento nesse propósito. Alimentamos o desejo de que  cada professor pudesse, de acordo com os direcionamentos específicos do seu componente curricular e planejamento, proporcionar situações  de pesquisa que estimulassem a investigação de referências culturais locais, com o intuito de que sejam reconhecidas e valorizadas, como elementos importantes que fazem parte da construção da vida coletiva da comunidade, trazendo na sua abordagem conceitos como cultura, memória, identidade, preservação, narrativas, saberes e fazeres como partes da  construção do patrimônio cultural.

Inicialmente, essa proposta de desenvolver um projeto em conjunto originou-se do contato com o ebook “Além da mula-sem-cabeça”, lançado pelo museu do Folclore, de São José dos Campos/SP, no qual há uma possibilidade de diálogo dos saberes considerados populares, com os currículos escolares que se estruturam a partir da BNCC ( Base Nacional Curricular Comum), surgindo assim a proposta de construir o projeto como parte da programação do Mês do Folclore, reunindo nesse objetivo comum escola e museu.

A aparente dicotomia entre  saberes populares, também considerados senso-comum e o conhecimento científico, nos revela que longe de se constituírem dois campos distintos de conhecimentos que se opõem, eles se alimentam mutuamente. Ou seja, os saberes científicos possuem relação com a vida dos indivíduos em sociedade e interferem diretamente na sua dinâmica social, ao mesmo tempo, é a partir da vida social e suas necessidades que a ciência identifica e expande seu campo de conhecimento. Portanto, cabe à escola abrigar essas duas fontes de conhecimento, possibilitando a interpretação e o desenvolvimento dos estudantes, perspectiva na qual podemos destacar um dos princípios norteadores do  currículo da Rede de Ensino Municipal de São José dos Campos/SP.

O Currículo da Rede de Ensino Municipal de São José dos Campos compreende o estudante em sua integralidade, isto é, um sujeito que se constitui a partir do desenvolvimento dos aspectos físico, afetivo, social e cognitivo. Considera as características da criança, do adolescente, do jovem e do adulto na organização dos tempos, dos espaços e dos materiais de cada etapa e modalidade de ensino, como a importância do brincar, a integração dos saberes do cotidiano e das experiências extra escolares com vistas ao desenvolvimento e aprendizagens do estudante. (Currículo de Arte – Rede de Ensino Municipal, v.1 São José dos Campos – SP Ensino Fundamental, 2021, p. 20)

Nessa iniciativa, foram convidados professores  de diferentes áreas de conhecimento  de 02 (duas) escolas públicas de São José dos Campos/SP, sendo uma integrante da Rede Estadual do Estado de São Paulo, E.E Profª. Ana Cândida de Barros Molina, localizada na Vila Industrial, região leste e a outra, situada na região norte da cidade, no bairro de Santana, EMEF Profª Vera Lúcia Carnevalli Barreto,  com a finalidade proporem processos de pesquisa e de elaboração de materiais de registro, como depoimentos e entrevistas,  construindo diálogos com os currículos.

Como será a programação? 

Dentro da programação teremos uma palestra com o Educador Tião Rocha, criador do CPCD – Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento. Ele chama a atenção para o fato de que a matéria-prima para todo processo de aprendizagem são as pessoas e seus saberes, fazeres e quereres. Ele tem mais de 30 anos de experiência com educação, se diz antropólogo (por formação acadêmica), educador popular (por opção política), folclorista (por necessidade) e mineiro (por sorte). 

Essa palestra será aberta para quem quiser se inscrever.

Faz parte da programação as visitas virtuais mediadas ao Museu do Folclore, onde os alunos conhecerão o acervo de nossa exposição e a partir dele serão apresentados ao tema. 

Esta ação é destinada às turmas de alunos e professores que fizerem parte da programação do Mês do Folclore. 

Desenvolvimento do tema com os alunos e produção de material resultante das pesquisas de referências culturais.

Exposição da produção realizada pelos alunos em site criado pelo museu especificamente para a programação do Mês do Folclore.

REFERÊNCIAS

Ebook “ Além da mula-sem-cabeça, Museu do Folclore

Disponível em: http://www.museudofolclore.org/e-book-educativo/. Acesso em: 29 de jul.de 2021.

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Educação Patrimonial: Manual de aplicação : Programa Mais Educação / Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. – Brasília, DF : Iphan/DAF/Cogedip/Ceduc, 2013. 

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Brasil). Educação Patrimonial: inventários participativos : manual de aplicação / Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; texto, Sônia Regina Rampim Florêncio et al. – Brasília-DF, 2016. Disponível em:  http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/InventarioDoPatrimonio_15x21web.pdf?utm_medium=website&utm_source=archdaily.com.br). Acesso em: 29 de jul. de 2021

Rede de Ensino Municipal, Currículo de Arte, v.1 São José dos Campos – SP Ensino Fundamental, 2021, p. 20)